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Fazer do suor do trabalhador uma fonte inesgotável de diversão. Busquei o jornalismo movido pelo espanto com as peculiaridades do futebol. Mantinha um blog no qual escrevia sobre os bastidores dos jogos entre um pitaco aqui, outro acolá. Em silêncio, ouvia as palavras de alguém que dizia que não encontraria felicidade naquele lugar, ainda que precisasse apenas da caneta e o papel. Prometi então, que um dia colocaria a comida na mesa com minhas linhas tortas. Hoje, acordo formado, mas com a consciência de que a vida me fez um eterno aprendiz.

Gabriel Garcia Marquez dizia que o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade – “Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são”. Se estivesse vivo, o escritor colombiano certamente enxeria os olhos com o que seus conterrâneos protagonizaram em Medellín.

De Medellín, um grito pela humanidade
*AFP/Luís Acosta

A cidade castigada pela violência e a criminalidade, pediu agem com um manual de instrução para a humanidade. Além de atletas, tripulantes e profissionais, perdemos âncoras, repórteres, cinegrafistas, narradores, radialistas e comentaristas. Muitas das opções que posso encontrar daqui para frente. Formar em jornalismo nesse momento é como entrar no Maracanã vazio. A experiência pode até favorecer, mas faltam motivos para comemorar.

Tenho para mim que o dia mais desafiador ainda será quando produzirem a Retrospectiva de 2016. O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? Ferreira Gullar nos deixou na semana ada dizendo que o melhor da vida é viver.

A verdade é que ninguém escreverá como Garcia Marquez, nem Gullar. Tampouco, defenderá aquelas cores como os anjos de Chapecó. Nesse mistério do universo, o segredo é aprender a seguir em frente com as voltas que o mundo dá. Com a teimosia de um taurino, não mais me curvarei ao silêncio. Solidariedade, amor, paz. Essa será a pauta de hoje.