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Ficha Técnica – Cada batalha uma escola diferente 482q30

qua, 23 de novembro de 2016 05:28

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Parem as máquinas! Corram para as colinas! “Caetano Veloso estacionou o carro no Leblon”. Há cinco anos, essa manchete se esconde nas entrelinhas do menino jornalismo. Prestes a concluir o curso, pergunto-me se um dia descobrirei os segredos da civilização midiática, que fazem uma notícia como essa ganhar mais holofotes que o nome de Emily Lima, a primeira mulher no comando da seleção brasileira feminina em mais de 30 anos de história.

Sou nascido em Araguari, a primeira cidade a formar um time de futebol feminino no país. Apesar do banho de orgulho, agendava minha audiência para a modalidade a cada quatro anos, durante a disputa das Olimpíadas. Pouco reconhecia as facetas daquele universo, que em raras exceções pedia agem na sala de TV, mas um aspecto similar entre as campeãs indagava-me. Por que as maiores potências eram treinadas por mulheres, e nós, meros aprendizes, não?

Emily Lima, a primeira mulher no comando da seleção brasileira *CBF

Emily Lima, a primeira mulher no comando da seleção brasileira
*CBF

 

Lembro da sueca Pia Sundhage que, no comando dos Estados Unidos, fez Marta suplicar aos céus o que tinha feito de errado na busca do ouro brasileiro de Pequim em 2008. Ou da alemã Silvia Neid, que impediu o primeiro título mundial do Brasil com a Alemanha em 2007 e depois bateu a própria treinadora da Suécia com o ouro na Rio 2016. Mulheres emblemáticas que vez ou outra dividiam a beira dos gramados com senhores de verde-amarelo.

Agora, é a vez de Emily Lima, a paulistana de 36 anos que desde criança é nutrida pelo futebol. Volante, meia de ligação, com agens pela Espanha, Itália e Portugal, pendurou as chuteiras aos 29 por uma série de lesões no joelho. Nada que lhe impedisse de pavimentar novos caminhos no mundo da bola. A liderança e a visão de jogo peculiar renderam uma credencial na carreira de treinadora. Foi a primeira de uma equipe nacional com a seleção sub-17 e se destacou no comando do São José dos Campos.

Emily Lima é a estranha no próprio ninho que ajudou a construir. O chute no traseiro do preconceito no banco de reservas. Sua estreia na seleção principal acontece no próximo dia 7, diante da Costa Rica, pelo Torneio Internacional de Manaus.  Reger as jogadoras brasileiras será apenas o primeiro desafio de alguém que somente pelo país onde nasceu, se acostumou a fazer de cada batalha uma escola diferente.

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